Fundação vai formar facilitadores para difundir a sustentabilidade em todo o Brasil
ENTREVISTA, POR MARA PRADO
Formação gratuita sobre sustentabilidade a 60 facilitadores de todo o país, publicação de livros e “organizar a casa” estão entre os principais projetos da atual diretoria da Fundação Rede Brasil Sustentável
A perspectiva do diretor presidente da Fundação Rede Brasil Sustentável, Zé Gustavo, para os próximos meses é avançar na direção dos objetivos da organização: difundir a educação política e fortalecer a atuação política sustentabilista. Para isso, diversas ações estão em andamento e envolvem desde o incremento da comunicação institucional com a nova identidade visual da fundação e um site mais dinâmico, até a realização de cursos de formação, diálogos com a sociedade, parcerias e publicações e formulação de políticas públicas.
Exemplo disso é a Consulta Pública para a Agenda Municipal Sustentabilista, lançada em agosto com o objetivo de reunir propostas, unificar diretrizes para uma atuação no campo da sustentabilidade e criar, de forma conjunta, uma agenda propositiva que servirá de suporte para as eleições de 2024. Enquanto as propostas estão sendo sistematizadas, especialistas das mais diversas áreas serão ouvidos agora em outubro em eventos abertos para enriquecer o debate e aprimorar o documento.
“Com isso, vamos fortalecer o caráter formulador da Fundação como uma contribuição ao país..É tarefa da maior relevância trabalhar para sermos referência na formulação de políticas públicas do campo sustentabilista e estamos neste caminho.”
Zé Gustavo destacou outras importantes iniciativas a serem lançadas ainda este ano, como a formação de facilitadores em sustentabilidade, um curso gratuito, híbrido (presencial e online), que vai preparar 60 pessoas de todo o Brasil para atuarem em suas comunidades, municípios e regiões, multiplicando assim os conceitos de sustentabilidade no país inteiro. Outra novidade é a Sustentoteca, uma curadoria de conteúdos diversos sobre sustentabilidade e que será disponibilizada na forma de Floresta de Conteúdos, com “trilhas” específicas em temas como saneamento, resíduos sólidos, água, mudança climática, entre outros.
A partir da segunda quinzena de outubro, a Fundação fará uma série de eventos de lançamento do livro “O que é sustentabilidade”, do advogado Júlio Rocha, Professor da Faculdade de Direito da UFBA e da UNEB, ex-superintendente do Ibama BA e diretor-geral do Ingá. Júlio fez parte dos Conselhos Nacional e Estadual de Recursos Hídricos e atualmente integra o Conselho Curador da Fundação Rede Brasil Sustentável. O primeiro lançamento será dia 20 em Salvador (BA).
Repositório de políticas públicas
Compilar projetos, leis e programas de gestões municipais na dimensão da sustentabilidade é outra realização da Fundação Rede Brasil Sustentável a ser lançada em novembro.
“Será um repositório de leis e políticas públicas aplicáveis em outras cidades com o objetivo de inspirar e dar subsídios às lideranças políticas com ou sem mandato”, explicou Zé Gustavo.
Também para novembro, está previsto um encontro preparatório para a COP- 30 (30ª Conferência da ONU sobre Mudanças Climáticas), que em 2025 será realizada pela primeira vez no Brasil, em Belém (PA). Neste encontro, a Fundação Rede Brasil Sustentável deverá lançar uma publicação sobre as COPs e debaterá sobre sua participação no evento, uma vez que a entidade já foi credenciada pela ONU.
Legado
Além das ações planejadas para os próximos meses, Zé Gustavo fez questão de salientar que ações de qualidade e rico conteúdo já foram realizadas nos seis anos iniciais da Fundação, como o Ciclo de Seminários 18 eixos da Sustentabilidade (2017/2018), que resultou em subsídios para o programa de governo da campanha presidencial de Marina em 2018 e o ciclo de debates públicos para a construção de uma visão sustentabilista, em 2021 para dar embasamento às teses das eleições do ano passado.
Valiosas parcerias também foram citadas pelo diretor presidente como um eixo fundamental para o avanço dos trabalhos da fundação, como a Revista Cenarium, um dos mais importantes veículos de comunicação da região norte do país no campo socioambiental; a OELA (Oficina de Escola de Lutheria da Amazônia), com a qual foi firmado intercâmbio de conhecimento e inovação científico-tecnológica com foco em educação ambiental, práticas de sustentabilidade e valores democráticos; a Coiab (Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira), através de Vanda Witoto, Diretora de Comunicação, Tecnologia Social e Digital; e a Legisla Brasil, que contribuiu com a metodologia e sistematização das contribuições para a Agenda Municipal Sustentabilista.
Ainda nesta gestão, está no radar de Zé Gustavo a publicação de um livro sobre a teoria política da sustentabilidade, um ensaio com várias contribuições que irão traduzir em palavras a visão ideológica e programática do campo sustentabilista.
“Em pouco tempo de existência, a Fundação já fez um trabalho de relevância e isto é parte das contribuições que pretendemos entregar para a sociedade. Entendemos o meio ambiente como sujeito político e com direitos a serem resguardados.”
Por fim, Zé Gustavo ressaltou que tem se dedicado à tarefa de “organizar a casa” do ponto de vista jurídico/administrativo e *organização das contas*. Ele explicou que havia muito trabalho interno a ser feito, iniciativas que não aparecem nos debates ideológicos, mas que são fundamentais para o funcionamento da Fundação.
“O nosso objetivo é deixar um legado sobre o qual não seja possível retroagir, tanto no aspecto programático como nas questões administrativas, jurídicas, financeiras, de visibilidade institucional e de transparência da gestão. É dessa forma que trabalhamos para o fortalecimento de uma política sustentabilista no Brasil”, concluiu.