Nheengatu – Cartilha de educação política
Publicação tem caráter didático sobre as diferenças entre os poderes executivo e legislativo nos âmbitos federal, estadual e municipal, detalha o funcionamento das casas legislativas, “traduz” termos específicos dos parlamentos, explica como se calcula o quociente eleitoral e oferece um passo a passo sobre o desenvolvimento de propostas de campanha tendo a sustentabilidade como bandeira política.
A tradução das cartilhas em línguas indígenas tem o objetivo de incentivar o crescimento da representatividade dos povos originários no sistema político brasileiro com a participação das lideranças indígenas nos processos eletivos.
Nheengatu
Localizada no município de São Gabriel da Cachoeira, a região do rio Içana é habitada pelos baniwa e koripako chamados de “walimanai” (a humanidade que habita o mundo atual) ou “wakoenai”(os que falam a língua). Para nós, somos os medzeniakonai, que significa “somos povo de língua original”. Ao todo, medzeniakonai congrega 19 clãs que compõem a nação da língua baniwa e koripako. De acordo com a nossa cultura milenar, nós somos a herança deixada pelo “heeko” (demiurgo) na terra-pedra, o centro de formação e origem da humanidade, localizado em “hiipana” (eenohiepolekoa – umbigo do mundo) em Wapui Cachoeira, rio Ayari, afluente do rio Içana. Foi nesse lugar que surgiu a humanidade, em especial o povo baniwa, seus clãs e seus territórios. (PGTA-NADZOERI- Organização Baniwa eKoripako,2021)
Nessa mesma região, além das línguas baniwa e koripako, também é falada a língua nheengatu (língua geral), predominante especificamente na região do baixo rio Içana, rio Negro e rio Xié. Para o povo baniwa do baixo rio Içana, a língua nheengatu surgiu com a chegada dos missionários salesianos em Assunção do Içana, na década de 50, que ocasionou a migração da língua baniwa para nheengatú nessa região.
Tradução
Melvino Fontes Olimpio É professor e coordenador do Departamento de Educação e Patrimônio Cultural do Rio Negro – DEPAC, da Federação das Organizações Indígenas do Rio Negro – FOIRN. É bacharel e licenciado em química pela Universidade do Estado do Amazonas – UEA, pós-graduando em MBE – Negócios Exponenciais pela Universidade Estadual de Campinas – UNICAMP e mestrando em Educação Escolar Indígena pela Universidade do Estado do Pará – UEPA. Com nome indígena Dzawimaka, pertence ao povo Baniwa e é natural da comunidade indígena Assunção do Içana, no município de São Gabriel da Cachoeira (AM). Atuante liderança indígena, fala e escreve a língua Nheengatu e entende a língua Baniwa, considerada materna para o povo de mesmo nome após a chegada dos primeiros missionários salesianos na região do baixo rio Içana.